quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os riscos do trabalho nos frigoríficos e abatedouros

Os frigoríficos e abatedouros de carnes continuam sendo um dos principais setores no afastamento ao trabalho, segundo reportagem da revista Exame, só em 2011 foram 8.200 afastamentos por doenças relacionadas ao trabalho.

Estima-se que no setor de abate e frigorífico 100.000 trabalhadores possuam alguma doença relacionada ao trabalho, número que corresponde de 20% a 30% a mão da obra desse setor. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne bovina e o terceiro de carne de frango.

Entre os principais riscos nessa atividade estão os movimentos repetitivos, o trabalho em pé, a exposição excessiva ao frio e a umidade, a restrição ao uso do banheiro, entre outros. A implantação de pausas pode reduzir significativamente o número de afastamentos, já que as principais lesões ocorrem pelo movimento repetitivo.

Até o final do ano deve ser aprovada uma Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego específica para o setor de abate de animais. A integra da reportagem pode ser acessada aqui.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Contaminação por mercúrio

     Notícia veiculada na Folha de São Paulo do dia 30 de setembro de 2012 reforça que a população ribeirinha do Rio Negro esta exposta a concentrações de mercúrio, acima dos níveis toleráveis à saúde humana. A principal fonte de contaminação são os peixes consumidos da região. A OMS estabelece um limite tolerável de até 50 ppm (partes por milhão) para a população normal e no máximo 10 ppm para mulheres grávidas. Os valores encontrados na pesquisa da bióloga Graziela Balassa apontam concentrações que variavam de 3,14 ppm a 58,35 ppm.

     O mercúrio entra do organismo na forma orgânica de metilmercúrio, pelo consumo de peixes contaminados pelo metal. O mercúrio é abundantemente utilizado na região norte do Brasil na atividade de garimpo do ouro. O ouro presente no Brasil encontra-se nos rios ou na terra. O processo de extração de aluvião consiste em misturar mercúrio com na lama extraída pelos garimpeiros, o ouro presente na lama forma uma liga metálica com o mercúrio separando-se da lama. A seguir a mistura contendo ouro e mercúrio é aquecida e o mercúrio se vaporiza, formando fumos metálicos e separando-se do ouro.

     Durante o garimpo de Serra Pelada, no Pará, em meado dos anos 1980 mais de 50 mil garimpeiros estiveram em atividade de garimpo no local, a utilização de mercúrio era frequente e abundante e acredita-se que muitas pessoas foram contaminadas pela exposição aos fumos metálicos de mercúrio. Existem poucas pesquisas que comprovem essa contaminação por fumo metálico em Serra Pelada, porém algumas pesquisas mostram que a contaminação do solo e água da região apresentam níveis de mercúrio acima dos limites tolerados. Esse tipo de mineração está muito presente na região Norte, nos dias de hoje esta de forma mais pulverizada porém a contaminação por mercúrio é muito significativa nos rios da região.

     O mercúrio metálico é biotransformado em mercúrio orgânico na forma de metilmercúrio, e é absorvido pelo homem através do consumo de alimentos contaminados (peixes, ostras e camarão). O metilmercúrio pode gerar algumas doenças ao sistema nervoso central, além de problemas de visão, audição, fala, coordenação motora e fraqueza muscular, entre outras. A pesquisa do estudioso norte-americano Bruce Forsberg, que há 30 anos se dedica ao estudo do ciclo químico do mercúrio na bacia amazônica, revela que as pessoas estão tendo uma perda gradual da coordenação motora, além da surdez, perda visual, perda olfativa e do paladar que também são consequências da intoxicação pelo metal que vêm ocorrendo lentamente na população ribeirinha.

     É importante relembrar sobre o desastre de Minamata ocorrido na cidade de Minamata no Japão em 1956, em que uma fábrica de acetaldeído e PVC (cloreto de polivinila) lançavam efluentes contendo mercúrio desde os anos 1930 na baía de Minamata. A doença de Minamata, como foi batizada, é uma síndrome neurológica, incluindo distúrbios sensóriais nas mãos e pés, danos à visão e audição e começou a surgir na população que se alimentava de peixes contaminados por mercúrio dessa baia muitos anos mais tarde. Mais de 2265 pessoas foram contaminadas pelo mercúrio e desenvolveram a doença de Minamata, acredita-se que mais de 2 milhões de pessoas possam ter sido contaminadas por ingerirem peixes contaminados.

     A utilização desenfreada e sem controle de mercúrio nas atividades de garimpo geram um considerável dano ambiental e ao homem, pela contaminação da água e do solo. O potencial tóxico do mercúrio quando acimas dos limites toleráveis é muito severo, causando doenças neurológicas que afetam não só a população envolvida nas atividades diretas de mercúrio como os garimpeiros, mas também aquelas que de alguma forma se alimentam de peixes contaminados das águas contaminadas. A completa extensão desses danos, veremos somente com o passar dos anos.